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Te Freud, nego! |
Nesse post vamos falar de coincidências.
Quantas vezes pensamos em um amigo e minutos depois (PAN). O telefone toca e... É ELE! - PUTA COINCIDENCIA - COISA DO DESTINO MESMO - Mas quantas vezes pensamos em amigos durante o dia, no entanto, eles continuam não ligando. E ainda ligam de surpresa, às vezes.
Alguém saberia dizer qual a probabilidade de que duas pessoas tenham nascido no mesmo dia em uma sala de vinte alunos? Alguns poderiam ficar surpresos se isso acontecesse. E de imediato começariam a buscar explicações que poderiam ir desde um pé-de-coelho da sorte até uma ligação psíquica ou espiritual com essa pessoa.
O que iguala essas duas experiências é o nosso desejo intenso de explicá-las. Uma crença de que existe uma razão especial para que as coisas aconteçam da forma que acontecem.
Existem diversas razoes que levam uma pessoa a interpretar uma coincidência de maneira errada.
- Não compreendemos as leis que regem os números verdadeiramente grandes.
- Humanos não possuem uma compreensão nata de probabilidade.
- Acreditamos que todas as conseqüências devem ter agentes deliberados.
- Sucumbimos facilmente à validação seletiva (tendência de lembrar apenas as coisas positivas e esquecer um número muito maior de insucessos)
Quando um número grande de pessoas esta envolvido, ocorrências 'incomuns' tornam-se possíveis. Essa visão dissipa a fumaça do mistério e põe o foco no lugar certo, na ciência.
A memória humana é, por vezes, falha, costuma armazenar com mais facilidade eventos recentes, dramáticos, felizes. E tende a esquecer aqueles que não significaram nada. Só fica o que realmente for essencial. - Agradeça a isso pela sua sanidade mental diária. - Mesmo vítimas de Alzheimer com problemas reais de memória podem lembrar facilmente de eventos espetaculares. Esse é o evento chamado 'Validação subjetiva', mais conhecido por 'memória seletiva'.
Um truque muito comum entre 'adivinhadores da sorte'. É fazer um número muito grande de previsões, usando mesmo que inconscientemente, da 'lei dos números verdadeiramente grandes. Fazem isso para aumentarem suas chances de acertarem UMA das previsões. E então convenientemente esperam que esqueçamos das outras 99,9% de previsões erradas. E é realmente isso que nosso cérebro faz nessa hora.
Daí entra outro fator que joga do lado do vidente, que é a tendência que você tem de fazer as coisas acontecerem, quando se esta convicto de que vão. Pode ser de um afobamento que te faça tomar naquela hora uma atitude que não seria tomada se você já não estivesse esperando por aquele fato. É como o princípio da incerteza. Você não pode prever o futuro e ao mesmo tempo viver nele. Pois vivenciando, inevitavelmente você o modificará.
Nossa habilidade de detecção de coincidências vem sendo aprimorada através das eras na evolução natural. Ser capaz de detectar correlações entre eventos poderia promover uma grande vantagem a nossos ancestrais. Assim, o homem foi programado pra procurar padrões e conexões em toda a parte. A cultura moderna entretanto, nos põe por dia 30 mil coisas a pensar, 30 mil a fazer, 30 mil a se preocupar. Com uma miríade de conexões entre eventos e pessoas. E nos põe a buscar e sugerir continuamente explicações psíquicas (que não existem). A invocar forças estranhas.
Cabe aqui um pensamento intertextual que me veio em mente:
- "Irei atribuir a uma causa desconhecida aquilo que posso atribuir facilmente apenas à segunda causa que conheço?" (Voltaire)
Não estou dizendo que coincidências não servem para nada. E seria louvável se buscássemos explicações. Mas é fato que a grande maioria das coincidências cairia por terra se analisadas criticamente, sem cegueira e sem pressa. Quando isso for levado em conta, com a verdadeira compreensão da validação seletiva, o poder ilusório da coincidência será percebido.