domingo, 18 de novembro de 2007

Por onde passa a lógica

Lógica é um capitulo da filosofia que trata do desenvolvimento do pensamento.

A lógica parte de premissas, que são verdades independentes que juntas implicam em uma última verdade final.

Premissa 1 : João usava blusa listrada.
Premissa 2 : João usava calças estampadas.
Implicação : João estava descombinado.

Pra que a Implicação seja verdadeira, é necessário que todas as premissas também sejam. Numa argumentação, é necessário que o ouvinte esteja plenamente convencido de que a primeira premissa seja verdadeira, para então passar para a próxima ou inferir a implicação.

Há muitos joguetes de palavras que permitem fazer implicações sem premissas. Por exemplo:

Premissa 1 : Todos sabem que boné é coisa de carioca.
Premissa 2 : José usava boné.
Implicação : Então José é carioca.

Em nenhum dicionário do mundo se vai encontrar na descrição do gentílico do Rio de Janeiro como aquele que usa boné. No entanto para aquele que não conhece o Brasil ou o Rio, essa informação não pode ser comprovada ou desaprovada. Ou ainda, o desconhecimento do ouvinte àquela afirmação pode leva-lo a pensar: "Será que todos sabem menos eu?" ou "Se ele tá dizendo é porque é". Tornando a premissa verdadeira, mesmo que não seja.

Muitas dessas artimanhas são usadas todos os dias em jornais, revistas, televisão, pessoas mau intensionadas e constantemente por políticos. É o que se chama controle de informação. É usada para manipular a opinião pública, guiar os rumos do povo refletindo os anseios de quem detem a informação.

Foi usada em escala planetária pelo pentagono para angariar apoio popular na guerra contra o terror, com o seu abominavel e agora formalmente inexistente Psyops, sigla para Comando de Operações Psicologólicas. Na época a CNN recebeu 5 estagiários do exercito, que aparentemente plantariam notícias fraudulentas em favorecimento das investidas militares. A própria CNN posteriormente, quando isso foi descoberto, declarou já ter reconhecido que o programa era inapropriado e que o teria encerrado.

Esses jogos são facilmente percepctiveis para o telespectador mais atento, com palavras chave como 'É fato que', 'É óbvio que', 'É evidente', 'É lógico', 'Certamente'. Ou com afirmações soltas, sem introdução, justificativa ou fim.

Hoje mesmo li na VEJA uma reportagem sobre o populismo na America Latina. Em que o redator afirmava que "Hugo Chaves estava mais interessado em implodir o Mercosul e a Alca e apenas intensionava juntar aliados contra os Estados Unidos." E era só essa a afirmação dentro do quadro, que figurava solto junto com outros. Leitores, vocês podem imaginar que um presidente eleito duas vezes com grande apoio popular possa levar o seu mandato girando em torno de picuinhas com outros presidentes?

E as armas de destruição em massa no iraque? Parte da culpa é também de jornalistas, que muito crédulos nos governantes, nem sempre investigam as informações que lhes chegam a fim de confirmar.

Outra falácia muito em cartaz é o filme tropa de elite. Que ao mostrar PMs entregando armas aos traficantes, diz: 'Pra mim quem ajuda bandido é cumplice!' Nessa cena essa frase é verdadeira, parte de premissas verdadeiras. Posteriormente um estudante de direito de classe média alta, o que já configura uma distorção, já que somente uma parcela insignificante da população pertence a esta classe, é acusado de ser cumplice do tráfico. A lógica passou longe!!!

Pergunto a vocês, leitores, João quer os talheres ao lado esquerdo do prato; José, ao direito. Eles brigam, quem é o culpado da briga?

O uso de drogas é condição necessaria para o fomento da criminalidade, mas não é condição suficiente. Além do uso, é preciso que haja proibição. Esses dois fatos JUNTOS, convergem em criminalidade. Eliminada qualquer uma das duas condições o resultado esperado já muda.